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KARATÊ NO BRASIL

Em 1890, o governo brasileiro promulgou uma lei que proibia a imigração de povos Africanos e Asiáticos. Em 1907, os Estados Unidos aprovaram leis que restringiam a imigração japonesa, então, querendo trabalho agrícola, em 1909 o Brasil alterou a sua definição de "asiático" para proporcionar a imigração japonesa. Como resultado, cerca de 200.000 japoneses emigraram para o Brasil antes de 1941.

Muitos desses imigrantes eram de Okinawa, por isso certamente havia alguns que praticavam karatê. Mas, ao contrário de judô, sumô, e kendo; o karate era uma arte pouco conhecida, até a década de 1920, mesmo no Japão. Além disso, não havia competições de Karatê em clubes e nem em universidades até 1950. Como resultado, não há muitas pistas sobre a sua prática nos velhos tempos.

A primeira pessoa que acredita ter ensinado karatê no Brasil seria o mestre Yoshihide Shinzato. Shinzato nasceu em Okinawa em 15 de março de 1927 e com a idade de 12, ele começou a estudar karatê com Choshin Chibana. Chibana foi aluno direto de Anko Itosu, e durante a década de 1920 ele começou a nomear seu karate de "Shorin-ryu". Sua kanji significa "pequeno bosque" em vez de "Pinhal", portanto, não se refere necessariamente ao Templo Shaolin na China, e como resultado, o sistema é conhecido como Kobayashi Shorin-ryu.
De qualquer forma, Chibana tinha um dojo no pátio da propriedade do Barão Naijin em Shuri, e ensinou lá até a invasão americana de Okinawa em 1945. Após a batalha de Okinawa, ele se mudou primeiro para a Península Chinen e depois para Naha. Provavelmente Shinzato treinei com ele durante a maior parte deste tempo.

Em janeiro de 1954 Shinzato veio ao Brasil como parte de um grupo que participa de uma celebração do 400º aniversário da fundação da cidade de São Paulo, e depois do show ele decidiu ficar. De acordo com a história oficial, em setembro de 1954, ele começou a treinar, um dia por semana, com alguns jovens da colônia japonesa em sua casa alugada na cidade de Santos. No entanto, ele não abriu oficialmente um dojo até 1962, e então os outros já estavam ensinando no Brasil, incluindo algumas pessoas da alta sociedade.

Outro mestre que chegou ao brasil nessa mesma decada foi Koji Takamatsu do Wado Ryu. Segundo algumas fontes, ele veio para o Brasil em 1955; segundo outros, foi no início de 1956. De qualquer forma, os alunos alegaram que ele imediatamente começou a ensinar karatê. No entanto, nenhuma documentação precisa foi encontrado e assim o assunto continua a ser objeto de disputa.
Mestre Koji Takamatsu
e
Sensei Pedro Almeida CBK Maranhão
Portanto, Mitsuke Harada é considerado o pioneiro do karatê brasileiro, cuja posição e influência são ambos documentados e indiscutíveis. Nascido na Manchúria em 1928, Harada era o filho de um oficial do exército japonês. Quando ele tinha nove anos, seu pai foi transferido para Tóquio, e, claro, sua família o seguiu. Em 1943, quando ele tinha quinze anos, Harada encontrou Yoshitaka "Gigo" Funakoshi, que era filho de Gichin Funakoshi, e como resultado, começou a treinar no Dojo Shotokan de Funakoshi. Seu primeiro instrutor foi Motonobu Hironishi.
Mestre Mitsuke Harada 原田 満祐

Em 1945 Gigo Funakoshi morreu de uma doença pulmonar e assim Harada começou a treinar sob tutela de outros mestres do karatê Shotokan. Uma vez por semana, a pedido da Hironishi, ele recebeu instruções em kata de Gichin Funakoshi juntamente com seus amigos, incluindo Tsutomu Ohshima, que mais tarde foi pioneira karate Shotokan na Califórnia. Ohshima escreveu que muitos dos jovens daquela época não gostavam de praticar o seu kata, mas os mais idosos disciplinaram-os nesse sentido.

INSTRUTOR DA USAF

Em 1947, a Força Aérea dos Estados Unidos iniciou uma escola de sobrevivência para pilotos de aeronaves, e em 1949 o judô e outras artes marciais japonesas eram parte do currículo. A Japan Karate Association (JKA) contribuiu com instrutores, para incluir Isao Obata e Hidetaka Nishiyama, a esse programa norte-americano. Durante este período, Harada foi assistente pessoal do líder da JKA, Masatoshi Nakayama, e como resultado, ele se tornou instrutor de defesa dos militares dos EUA no Japão.

Força Aéria dsos EUA, instrutores de artes marciais de 1953. Da esquerda para direita:
K. Hosokawa (Taiho jutsu), Toshio Kamata (JKA), Tsuyoshi Sato (Kodokan de Judô), Isao Obata (JKA), Kenji Tomiki (aikido).
Foto: cedida Keigi Horiuchi
Depois de obter seu mestrado em 1955, Harada foi trabalhar para um banco japonês, o que imediatamente enviou-o para trabalhar em sua subsidiária brasileira, o Banco América do Sul. Na época, ele recebeu o título de 3º Dan, sendo uma alta graduação na quela época. (A mais alta classificação Shotokan de meados dos anos 1950 era de 5º Dan).

Harada deixou o Brasil em 1963. Ele foi primeiro para a França, mas devido a problemas de visto ele acabou na Grã-Bretanha. Em 1967, ele estabeleceu o Karate-Do Shotokai em Cardiff, País de Gales, e ele permanece lá até hoje.

Infelizmente aluno brasileiro sênior de Harada, Tomeji Ito, não foi capaz de manter a organização de Harada junto ao karatê brasileiro, porém, logo se estilhaçou. Parte do problema foi, sem surpresa, político. Gichin Funakoshi tinha morrido em 1957. Com a morte de Funakoshi, a JKA começou a organizar competições assim como o Wado Ryu karate Goju e grupos Kai. O Shotokai Egami sob opuseram a esta escolha da JKA, e o resultado foi uma cisão no estilo em todo o mundo (fato este repercute até hoje em todas as entidades que administram o estilo Shotokan). No Brasil, houve interesse nas competições, por isso o movimento foi em direção Shotokan (competitiva) e longe do Shotokai (não competitivo). E, como resultado, os alunos do chileno Humberto Heyden teveram que reintroduzir Shotokai Karatê em São Paulo durante a década de 1990.

Enquanto isso, Jiro Takaesu abriu um dojo Goju Ryu em São Paulo em 1955 e Shikan Akamine abriu uma escola de ensino uma mistura de Goju Ryu karate e Shuri-te em 1957. Nada se sabe sobre Takaesu hoje, mas estudante de Akamine Fernando P. Camara ainda ensina em São Paulo hoje.

Enquanto isso, Jiro Takaesu abriu um dojo Goju Ryu em São Paulo em 1955 e Shikan Akamineabriu uma escola de ensino que ensinava uma mistura de Goju Ryu e Shuri-te em 1957. Nada se sabe sobre Takaesu hoje, mas o aluno de Akamine, Fernando P. Camara, ainda ensina a linhagem de Akamine em São Paulo nos dias de hoje.
Shikan Akamine
Finalmente, Yasutaka Tanaka e Sadamu Uriu, ambos começaram a ensinar karatê Shotokan no Rio de Janeiro, em um intervalo de um mês um do outro, em 1959, já afirmavam serem os primeiros a ensinar karatê no Brasil. Tanaka e Uriu são amplamente apreciados pela habilidade técnica de ambos, pois foram treinadores da equipe de karatê nacional brasileira - e por isso não há necessidade de que essas afirmações que estas afirmações sejam exageradas.

REFERÊNCIA: KARATE IN BRAZIL -- AN OVERVIEW. Disponível em <http://ejmas.com/> Acessado 09 de nov. 2014

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